sábado, 25 de dezembro de 2010

Dia 25/12/2010 - O presente veio do mar (o Natal em Arica).

Sábado de Natal, há muito que já havíamos perdido a noção dos dias da semana.
Hoje é dia de descanso, nosso café da manhã foi exclusivo, como só nós dois ocupávamos o hotel, nos enviaram um café de algum lugar da cidade.
Na tarde anterior, o André tinha percebido um pequeno vazamento de óleo na sua moto, mas que não  conseguimos identificar. Hoje fomos ao estacionamento investigar e descobrimos que vinha da mangueira do reservatório de gás da suspensão traseira. As DR RSE não tem este reservatório, somente as RE mais novas, mas o André trocou o amortecedor e colocou um a óleo e gás.
Pelo que entendemos vinha da conexão tipo "Aeroquip", porém o acesso para um reaperto não era muito fácil.   Aproveitamos para fazermos a manutenção preventiva costumeira, lavar e lubrificar a corrente, limpar filtro de ar etc.   Mais uma vez tínhamos um estacionamento livre à nossa disposição.
Depois de muito trabalho o André conseguiu dar um aperto no parafuso da conexão, mas não foi o suficiente para eliminar definitivamente aquela "gotinha" de óleo que pingava quando ele forçava a suspensão.
Isto deve ter sido resultado do "destruidor" Paso de Sico, comentei...
Depois do "trabalho" nas motos, fomos andar um pouco no centro, estava quase tudo fechado, precisávamos fazer câmbio para moeda Peruana. Um senhor que oferecia câmbio no calçadão (mas não tinha Soles Peruanos) nos garantiu que em Tacna (a primeira cidade do Peru) conseguiríamos trocar dinheiro.   Não tínhamos então outra alternativa...

Calçadão "Paso Peatonal 21 de Mayo"

Ninhos nas "arvores" das praças

Voltamos à praça de onde o André vendo o porto, quis ir até lá.
Havia uma enorme movimentação, gente para todo lado, eram os barcos de pesca que haviam chegado trazendo suas conquistas do dia. Havia também muitos gatos andando por ali, claro que pra quem gosta de peixe este é o lugar.

O cais, cooperativa pesqueira


Tem de tudo, peixes, lulas, arraias...


Fomos lá ver e quando chegamos na beira do cais, surpresa!     Leões Marinhos nas pedras tomando sol! 
Na hora me lembrei da pergunta do André quando vimos o Pacífico pela primeira vez três dias antes.

Leões Marinhos, são enormes !
Ele tem razão!
Uma festa, leões marinhos, focas, pelicanos e gaivotas disputando os restos de peixe jogados ao mar pelos pescadores.







Este Pelicano é sossegado

Pelicano amigo
Os leões marinhos são muito grandes, ficam ali preguiçosos tomando sol nas pedras com a cabeça erguida.
Tiramos muitas fotos e também ficamos muito tempo curtindo aquela festa.







Leão babão !




Vendo todos aqueles pescados, ficamos com vontade de comer frutos do mar, havia um restaurante lá, mas estava fechado.
Estávamos a caminho da saída quando o André viu um barco saindo com pessoas, fomos lá ver e o próximo iria sair logo, 2.500 pesos o passeio.  Já "pulamos" para dentro e como sempre, sentamos lá no fundo. Um barco pequeno e simples que foi enchendo com famílias. Recebemos, todos nós, nossos coletes salva-vidas.



Dois garotos controlam a embarcação, demos uma lenta e relaxante volta pelo porto. Existem umas grandes bóias metálicas que ficam fora do porto. Fomos até lá, o "comandante" do barco explicou que são pontos de abastecimento Bolivianos. A Petrobras ancora navios ali e bombeia petróleo através de um oleoduto Boliviano.  O Chile permite o uso dos seus portos, resultados da guerra do Pacífico...


O morro de Arica, visto do mar

Tudo que ficar parado por aqui, fica branco com a sujeira dos pássaros


Este está limpo porque está navegando


É estranho ver o deserto a partir do mar...

Várias focas ficam lá sobre as bóias tomando sol, como as bóias estão há uns 2 metros acima da linha da água, a pergunta que todos fizeram, "como elas sobem lá ?"

Elas saltam da água, disse o "comandante",     ninguém acreditou...

Aí o barco parou e ficamos esperando, uma foquinha ficou nadando por ali "estudando o terreno", depois ela mergulhou e num salto certeiro para fora da água caiu lá em cima, certinho onde tinha uma vaga!

A natureza sempre surpreende.


Focas "Bolivianas"


Tomando sol na parte do litoral que é Boliviana


Voltamos para o cais navegando por entre inúmeros barcos de pesca.

Saímos do porto realizados, só falta o banho de mar no Pacífico...

Fomos novamente para o calçadão e comemos um lanche no McDonnald's e decidimos procurar frutos do mar no jantar.

Pegamos as motos no hotel e fomos para a zona norte, tínhamos visto do barco um praia cheia de gente, estava sol e na avenida à beira-mar havia muitos carros.  Estacionamos as motos sobre uma larga calçada e fomos até um quiosque. Praia Chinchorro.

Eu fui primeiro, larguei o André lá e caí na água que ao contrário do imaginava não estava tão fria. Havia uma corveta da marinha chilena ancorada à uns 500 m da praia (presença militar permanente).

Bastante gente na areia e no mar, um vento forte soprava sem parar.

Realizado, voltei para o quiosque e disse pro André, eu cuido das coisas agora é sua vez, você está à beira do Pacífico tem de ir lá!

Juro que ví o nosso amigo da Honda Shadow passar na avenida a beira-mar, se não era ele era o irmão gêmeo.

O tempo começou a mudar e o sol quis ir embora, fomos com ele.    Ao invés de irmos para o hotel, subimos para o morro de Arica.

Este morro é histórico e é símbolo da vitória chilena na guerra do pacífico, ele tem 150 m de altura e desce vertical para a avenida à beira-mar. Lá em cima tem um pequeno museu do exército, guarnecido por soldados.





O Scooby olhando o porto do alto do morro de Arica

Se você não gosta de história, pule esta parte. Se você gosta, vai entender o que aconteceu por aqui:
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O litoral desde Antofagasta até Tocopilla (isto incluía Calama), pertencia à Bolívia, isto mesmo a Bolívia tinha um pequeno litoral.  Dali para cima, o resto do litoral pertencia ao Peru, incluindo Iquique, Piságua e Arica, todas cidades Peruanas. Na época da descolonização espanhola, as coisas tinham ficado deste jeito, mas haviam rusgas sobre os limites. A Bolívia fez um acordo com o Chile, onde este, por 25 anos poderia explorar os recursos naturais da região, guano, salitre e cobre, mediante o pagamento de impostos.
Os chilenos usando tecnologias e dinheiro britânicos, montaram as usinas salitreiras que cresceram rapidamente. A Bolívia deu um tiro no pé quando, achando que estava perdendo o controle sobre a região, resolveu aumentar muito os impostos, inviabilizando os negócios chilenos. Quando as usinas se recusaram a pagar, o governo Boliviano começou a confiscar os bens.
No dia do leilão da primeira usina, a marinha chilena desembarcou na cidade de Antofagasta ocupando a mesma. A Bolívia declarou guerra ao Chile e chamou o Peru, que não queria entrar na guerra. Contudo, havia um acordo secreto de proteção mútua entre Peru e Bolívia. Claro que a Bolívia exigiu que o Peru cumprisse o acordo. A Bolívia convidou a Argentina para a briga, uma vez que Chile e Argentina disputavam a Patagônia.
Tanto o Peru como Bolívia, estavam despreparados para a guerra, a Bolívia nem marinha tinha, já o Chile economicamente fortalecido e militarmente muito bem estruturado, não era páreo para os dois. Os chilenos manobraram rapidamente entregando uma parte da Patagônia para a Argentina, evitando assim que esta entrasse na guerra.  Ficou fácil para os chilenos, pois a Bolívia só podia deslocar seus efetivos pelo deserto (aquele mesmo que eu e o André cruzamos) e em pouco tempo já não tinha mais nem cavalaria, pois o deserto dizimou os cavalos. Enquanto isto o Chile deslocava tudo o que precisava pelo mar e foi tomando uma cidade após outra. Do lado peruano, só um navio deu trabalho aos chilenos, o Huáscar que por 6 meses atrapalhou os chilenos, porém um dia o cercaram e acabaram com ele. A tomada do morro de Arica foi um marco, pois consolidou o poder chileno que, depois disto seguiu tomando o litoral Peruano até conseguir invadir Lima (a capital). Os chilenos não conseguiram subir para o altiplano onde havia uma resistência mais consistente. Quando finalmente foi firmado um acordo de paz, os resultados foram os seguintes:
Bolívia: Perdeu todo o seu pequeno litoral, incluindo Antofagasta, e mais uma parte do Atacama (Calama).
Peru: Perdeu a parte do seu litoral que ia desde Iquique passando por Arica até Tacna. 
Este conflito que se chamou "Guerra do Pacífico" ocorreu entre 1879 e 1884.
Posteriormente o Chile devolveu Tacna ao Perú, construiu a ferrovia La Paz - Arica, e passou a permitir à Bolívia o uso dos seus portos. Contudo ficou com o rico território que, passando por Calama (maior mina de cobre do mundo hoje) se estende ao litoral desde Antofagasta até Arica.
Por tudo isto, as regiões que atravessamos nesta viagem, são extremamente militarizadas, são zonas "quentes" pois nem Bolivianos nem Peruanos se conformam até hoje, com o que perderam.
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El General André Luiz  "Todo por la pátria!"


"Adelante!  Fuego!"


Zona sul "hotel Panamericana" vistos do morro


Descemos do morro e fomos para a parte sul da cidade procurar um restaurante de frutos do mar.  Devido ao feriado de Natal não conseguimos achar nada, só um enorme bar que, segundo nos informaram iria "ferver" à noite.
Passamos por uma marina, que estava fechada, a rua que aponta para o mar, vai até a pequeníssima ilha El Alacran, circunda o farol  e volta. Lá, nas rochas onde quebram as ondas, algumas pessoas pescando e outras tirando fotos de casamento...



Isla El Alacran


As Suzis no morro de Arica

Voltamos para o hotel e, enquanto o André puxava um ronco, eu fiquei escutando música olhando o "morro de Arica" pela janela.
Já quase anoitecendo saímos do hotel à pé e fomos jantar no único restaurante aberto do calçadão.
Voltamos e fomos descansar, amanhã vamos enfrentar o Peru!
Uma coisa que eu acho o André não percebeu, eu não tomei banho à noite, fui dormir com o sal do mar...

Rodamos dentro da cidade apenas neste dia.
Porto de Arica - Máximo Lira, 389.
McDonnald's 21 de Mayo, 152 - Arica
Bar Tuto Beach, Playa el Laucho, zona sul.
O restaurante Scala, 21 de Mayo esquina Bolognesi - Arica.

5 comentários:

  1. Vixi MAria Ronaldao, vc foi dormir com cheiro de FOCA !!!!!????

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  2. Taz,

    Foca por foca, não tem problema...

    Vc sabe que os motociclistas depois de muito tempo na estrada, ficam um pouco porquinhos né !

    Aquele negócio de usar a mesma roupa dias a fio.

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  3. CRUZESSSSSSSSSSSSSS. aiaiaiaia.. faltou a mamae ai...
    e nao tem esta de motociclista porquinho.. isso é com voces.. bjs djan

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  4. Nossa o cara não tomou banho.........nem vi!!!rsrsrs

    Nesse dia ainda fui no cassino!!! hehehehe

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  5. Oh André !

    vc não dizer porque saiu correndo de lá ?

    kkkkkkkkkkkk

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