sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dia 31/12/2010 - Machu Picchu é o bicho! (último dia de 2010).

No planejamento desta viagem, nós havíamos considerado Cuzco e Machu Picchu como os pontos altos, pois o Peru além da imprecisão nos mapas, tinha lá sua aura de mistério.
Bem, como vocês viram já logo na entrada do Peru, começamos a nos decepcionar. Depois, eu julgava  no meu imaginário, Puno um lugar lindo e Cuzco uma cidade interessantissima, porém descobrimos não serem, nem um nem outro. Devido à isto, tanto eu como o André, já estávamos nos preparando psicologicamente para uma decepção com Machu Picchu, consideramos a possibilidade de ser só "marketing turístico".

Como chegamos à Águas Calientes à noite sob chuva, não foi possível ver nada do caminho na viagem de trem, nem entender a cidade, pois descemos do trem e em algumas dezenas de metros já estávamos na pousada.
Hoje, quando o dia amanheceu, passou um trem debaixo da janela do quarto, fui olhar e me espantei, não com o trem mas com a paisagem lá fora.  A cidade está cercada por gigantescas torres de granito que sobem verticais, devido a neblina não dava para ver os cumes, calculei que as mesmas deviam ter mais de 500 metros de altura.  A vegetação tropical cobre tudo em volta, deixando aparecer as superfícies rochosas onde as paredes dos monólitos ficam verticais.


O Scooby admirado com a linha do trem no meio da rua

E com as montanhas em volta

Uma rua muito particular
Descemos e fomos tomar nosso café, o restaurante da pousada Adela's ocupa o térreo, a porta dá para a rua onde à uns 2 metros passa a linha do trem (isto mesmo, o trem passa raspando a porta). Aos fundos passa debaixo da janela o rio Urubamba, que desce em uma fortíssima corredeira contornando um gigantesco monólito (deve ter o tamanho do Pão de Açúcar).
Na frente do outro lado da rua há um muro de pedras.  Este é o cenário da rua (Extensión Imperio de los Incas) uma rua cercada pelo muro da estação de um lado, a fileira de casas e comércios do outro lado, e tendo o raivoso rio Urubamba passando ao fundo (nem quintal as casas tem). No meio da rua os trilhos do trem (pelo jeito uma linha secundária, o tronco está lá na estação).
Na janela dos fundos do restaurante, da para ver o raivoso Urubamba

Se cair aí já era !
Tínhamos recebido instruções para pegarmos o micro-ônibus às 07:40 h, por isto tomamos café com calma e depois fomos para o meio da rua fotografar o lugar. Entramos em uma casa em construção e fomos para de cima da lage, de onde pudemos observar melhor o rio. Quando saímos tinha um guarda nos olhando, com nossas caras de turistas com máquinas fotográficas em punho, ele não disse nada.


Olha o trem!


Descemos a rua e logo após atravessarmos uma ponte, já pudemos ver o ponto dos micro-ônibus onde havia uma grande fila. Eu quis esperar pelo próximo, mas a fiscal não deixou (a ordem é encher os mesmos).  Lotou e já saiu, daí descendo a rua margeou um pouco o rio e logo cruzou o mesmo por uma ponte metálica, do outro lado começou a subir uma estradinha em zig-zag.

Deixando Águas Calientes e subindo rumo a M.P.
Eu ia lá olhando admirado a paisagem exuberante e imaginando como foi encontrar aquele lugar.  O André já havia me falado sobre o livro "A cidade perdida dos Incas", escrita pelo antropólogo e pesquisador Hiram Bingham.  Este Norte-americano, financiado pela universidade de Yale e pela National Geographic, rodou pela região à procura da tal cidade perdida, logrou tal feito em 24 de Julho de 1911.
Por indicação de um camponês, ele subiu a montanha e, onde hoje é a portaria do parque, encontrou uma família vivendo ali. Eles tinham se "refugiado" naquele local para fugir dos cobradores de impostos do governo. Quando perguntados pela tal cidade, disseram não conhecer, porém o filho deles de 8 anos, disse que havia ruínas no mato. Levou o explorador até lá e de fato, havia ruínas cobertas pela floresta.  Estudos recentes tentam conectar esta história à da exploração do alemão Augusto Berns, que em 1867 (com autorização do governo peruano) explorou a região, vendendo todos os tesouros e achados para colecionadores norte-americanos e europeus.
Existe assim a grande possibilidade de Machu Picchu ter sido descoberta antes e, na época, não estar tão "vazia" quanto estava em 1911.
Como até hoje no Peru as informações são imprecisas e desconexas, deve ter sido uma farra para os exploradores nos séculos passados quando ninguém sabia de nada ou controlava qualquer coisa. Daí que pode ser que o alemão tenha ficado com os tesouros e o norte-americano com os louros...

Os micro-ônibus, sobem e descem a tal estreita estrada de terra, em vários lugares existem recuos para que um possa esperar o outro passar, pois na estrada só cabe um veículo.
Lá no alto está o estacionamento com a portaria do parque, uma lanchonete e uma pousada (estava fechada, mas parece ser muito chique). Descemos do ônibus em baixo de uma fina chuva, colocamos nossas capas plásticas descartáveis e mesmo assim tivemos que nos abrigar sob as proteções de lona da lanchonete. 

A estrada que os micro-ônibus sobem
Tínhamos que esperar pelo nosso guia, por isto ficamos parados junto a uma grade de proteção de onde se avista um dos vales cortados pelo rio Urubamba, que passa centenas de metros abaixo. Por ali gente do mundo inteiro, fiquei observando um casal que julguei ser algum pais da África (pelas suas vestimentas). Ela parou ao nosso lado e olhando para o vale, levantou as mãos em posição de saudação e começou a entoar um mantra em uma língua desconhecida.  Olhei para o André e disse: ela deve estar saudando os Orixás, pois este lugar de natureza tão exuberante, é terra de tudo e de todos que representam as forças da natureza.

Nós dois tínhamos uma preocupação, o clima. Obviamente que todos nós imaginamos Machu Picchu como vista nas fotos de propagandas, ou seja, com sol.  Desde a noite anterior não parecia haver pre disposição para um dia aberto.  Até aquele momento só havia muita neblina e uma fina chuva, claro que a neblina indica uma umidade em movimento, em lugares "normais" é o indicativo de que o sol irá aparecer depois. Não é o caso ali, pois as altitudes envolvidas e a densidade das florestas criam exceções à esta regra.

O nosso guia chegou, reuniu todos sob a fina chuva, passamos pelas catracas da portaria e pegamos uma trilha, cruzamos com uma grande turma que voltava, todos com semblante de exaustos, seguramente estavam voltando da visita à Huayna Picchu (a montanha em forma de torre que fica anexa à cidade de Machu Picchu), a visita lá é feita logo cedo.
Logo a nossa trilha ficou ingrime, com várias voltas e subidas abruptas, as pessoas de idade sofrem por aqui. Da portaria e da trilha não é possível avistar as ruínas, a surpresa fica para o final.
Quando se chega lá no alto, normalmente se está com a boca aberta e, ela contínua aberta ao ver-se o cenário!  Na nossa vez nem tanto, uma vez que estava tudo coberto pela neblina.


Nossa primeira visão de Machu Picchu

O guia reuniu todos em um dos grandes terraços que ficam situados acima, na entrada da cidade e como a
quantidade de pessoas era grande, os guias fizeram uma divisão por idiomas.
Acabamos seguindo o grupo com a maioria absoluta de brasileiros, mas o guia não falava português.
Por sorte já havia parado de chover, mas a neblina ainda era densa.
A cidade de Machu Picchu possui 530 metros de comprimento por 200 de largura, está a 450 metros acima do rio Urubamba. Possui 172 edificações em pedras, ao fundo da cidade atrás do templo do Condor, está a montanha Huayna Picchu que tem seu cume uns 100 metros acima da cidade.
Novamente o guia repetiu a informação de que por volta das 09:00h a neblina sobe e se dissipa, de fato à volta em todas as montanhas, era possível ver este movimento, porém só depois de algum tempo de fato a neblina subiu, mas transformou-se numa barreira de nuvens à uns 3000 m de altitude.  Finalmente dava para ver claramente a cidade, mas o sol não pode dar o colorido esperado.
Mesmo assim, o lugar é lindo, imagino com o brilho do sol, aí sim deve ser deslumbrante.


A neblina subiu e parou por ali, ao fundo Hyuana Picchu
Gente do mundo todo passa por aqui
Janela Inca, trapezoidal
Habitantes atuais

Dali até o rio lá em baixo são 450 metros de altura !


s Começamos a caminhar pela cidade e ouvir as explicações sobre as suposições, pois arqueologicamente falando, tudo é suposição.
O Rio Urubamba, contorna Machu Picchu formando uma ferradura, desta forma para qualquer lado que se olhe, lá embaixo está o rio, cujo leito está entre 1800 e 2000 m de altitude (por isto desce em fortes corredeiras), a cidade está a 2450 m.  Há muitas montanhas em volta com mais de 3500 m de altitude. Era estranho olhar aquela paisagem de florestas luxuriantes naquelas altitudes, nós já havíamos associado altitude à aridez.  Contudo os Andes possuem um mecanismo que nós só iríamos compreender mais tarde, já na Bolívia.  Porém uma pista do motivo de tanta exuberância é a posição em relação à floresta amazônica. Machu Picchu está a uns 150 km (em linha reta) da planície amazônica na província peruana de Madre de Dios, que se estende até a divisa com o Acre e Rondônia.


Não vou me estender aqui tentando explicar as ruínas, não adianta, o lugar merece uma visita e a interpretação pessoal de cada um.  Só resta dizer que os Incas sabiam muito bem o que estavam fazendo, eles entendiam de física e metafísica.


Da praça do templo do condor, dava para ver algumas construções lá no alto de Huayna Picchu e também algumas pessoas andando na trilha.  Segundo o nosso guia, lá no alto estão as ruínas dos aposentos do sumo sacerdote, que segundo os pesquisadores, vivia lá em cima em parcial isolamento, recebia a visita dos peregrinos com oferendas.
Nós ficamos com vontade de ir lá, mais não tínhamos nem tempo, nem oferendas, muito menos pernas e fôlego!

Zoom, lá o alto de Hyuana Picchu (100 m acima de M.P.)
Achei na net esta foto, se errar um degrau caí só uns 500 metros, direto!
Olhem a camada de nuvens presa à 3000 m
Todo o entorno é cercado por estes imensos monólitos verticais



Nós dois acompanhávamos o grupo e algumas explicações, em alguns momentos nos separávamos do grupo para tirarmos fotos do que nos interessava.  Quase no final do passeio guiado, eu não aguentava mais de vontade de urinar, até que encontrei um mato, não iria urinar nas paredes. Esperei até que todo mundo passasse por ali e entrei no mato com cuidado, cair algumas centenas de metros por ali é coisa fácil. Voltei aliviado e quando passei por trás de um muro de pedras, descobri que alguém tinha feito algo mais por ali!  Bem, eu não deixei rastros, então aqui vai uma dica, quando forem visitar M.P. usem o banheiro lá na portaria assim que chegarem, depois não há o que fazer a não ser conseguir voltar até lá ou, deixar rastros arqueológicos na cidade...

Cuidado André !
Este aí tem cara de Espanhol
Já este aqui tem cara de Inca !
Natureza grandiosa
Depois que o guia nos dispensou, rodamos um pouco perdidos pelo labirinto de paredes, até que conseguimos voltar ao terraço mais próximo da entrada da cidade.  Por sorte, descobrimos que foi uma ótima escolha, ficamos com uma vista privilegiada.  Sentamos ali com os pés pendurados e ficamos observando tudo, claro que logo todos os que passavam por  perceberam a posição estratégica e paravam para tirar fotos. Nós ficamos observando o movimento das massas de ar, denunciado pela neblina que se deslocava principalmente em volta de Huayna Picchu, subindo e descendo em redemoinhos. O Sol chegou a aparecer em uma montanha à nossa esquerda, mas logo a camada se fechou novamente.
Nosso trem de volta sairia às 14:00 h, por isto decidimos que poderíamos ficar no máximo até as 13:00 h. Depois de uma hora ou mais por ali, ficou claro que o Sol não iria aparecer naquele dia.


Ah !  vocês achavam que eu não viria !
Moradores da atual Machu Picchu



Minha foto clássica !
Observem a coluna de neblina descendo

Decidimos então descer para Águas Calientes, apesar do sol não ter aparecido, estávamos satisfeitos e com o sentimento de missão cumprida.

Hora de voltarmos
Mesmo na volta a gente admira a grandiosidade do lugar
Chegamos na portaria e havia uma fila de micro-ônibus lá, a fiscal reclamava a falta de dois deles que estavam fora da sequência, por isto pude entender que são ao todo 22.  Já pegamos o primeiro e logo estávamos de volta a Águas Calientes, fomos até a pousada Adela´s, pois tínhamos que pagar a conta das águas minerais e aproveitamos para almoçar.

Dali fomos para a estação onde iriamos pegar o trem executivo da Machu Picchu Train, porém o mesmo
revelou-se inferior ao Backpacker da Peru Rail, os vagões menores e mais apertados, além da ausência de
bagageiros. Por este motivo as malas e mochilas foram sendo acomodadas junto à uma das portas que estava fechada. Quando ví minha mochila estava sob várias malas pesadas, tive pedir para um funcionário deixá-la sobre as demais, expliquei que era leve e tinha objetos frágeis dentro (incluindo o Scooby, que não pagou a passagem, claro).

O vagão Executive da Machu Picchu Train
Caminho de volta, André no trem para Ollantaytambo
Conforme nos afastamos a paisagem foi mudando,  já não há mais exuberância
O trem partiu lotado, algumas adolescentes jogavam cartas e faziam uma boa bagunça. Desta vez pudemos ver e entender o caminho. A linha do trem acompanha uma das margens do rio Urubamba e vai cortando as montanhas onde em alguns lugares passa por túneis. O caminho de volta é uma subida, uma vez que Ollantaytambo está a 3600 m de altitude a Águas Calientes a 1800 m.  Ao longo do caminho aos poucos a paisagem vai mudando conforme nos afastamos, as montanhas em volta tornam a ficarem mais altas e com a vegetação mais escassa.

Passamos pela hidrelétrica, que é pequena comparando com os padrões do Brasil, e pudemos entender que dali para baixo (voltando para Águas Calientes) só de trem mesmo.
A única diferença neste trem é que havia um serviço de bordo, no meio do caminho nos serviram, então tomei um café com Brownie e ganhamos umas barrinhas de chocolate.
Chegamosà Ollantaytambo às 15:30 h e estava sol. Fomos procurar pelo nosso ônibus de volta para Cuzco ou encontrar alguma van, conforme nos haviam informado.  Descobrimos que o tal micro-ônibus ao qual tínhamos direito, só chegava por lá por volta das 19:00 h (se chegasse). Descobrimos isto no estacionamento da estação e foi bem ali na entrada que, fomos abordados por dois australianos que queriam "rachar" um táxi.
Fizemos umas contas e decidimos eu e André que não valia a pena esperar, conversamos com guarda do
estacionamento sobre táxis, ele disse que chamaria um para nós. Desceu alguns metros e logo voltou com um senhor que nos viu e quis 40 soles de cada um. Nós dissemos que pagaríamos 20 cada é só, como ele viu que era sério, resolveu fechar, reclamando mas fechou.

Entramos no velho Corolla Probox, o André lá na frente, e nós três apertados lá trás. Os australianos, dois caras jovens, quiseram saber como tinha sido nossa ida até ali de moto, disseram que sonhavam em fazer uma viagem assim, mas a barreira do idioma os desencorajava. Eles me contaram que tinham feito a trilha Inca, 4 dias a pé pelas montanhas até Machu Picchu, que pauleira.  Eles também já tinham visitado a Bolívia e descido de bicicleta a Carretera de la Muerte, oba! Disse-lhes que iriamos fazer de moto, claro que fiz inúmeras perguntas a eles.

Na saída de Ollanta, de novo aquele congestionamento causado apenas porque ninguém pode esperar por
ninguém. Os carros entram juntos na rua onde só passa um, ninguém cede, aí vão se apertando até rasparem uns nos outros. Foi o que aconteceu com uma pick-up que raspou a lateral do táxi bem do meu lado.
Se xingam e buzinam, mas ninguém sai no braço, é da cultura deles. O taxista gritava com os outros "burro!", "patasno!" e buzinava.

Já na estrada o motorista do táxi nos perguntou se queríamos morrer, eu disse que não, então ele mostrou o desvio na estrada onde havia ocorrido um deslizamento de grandes rochas e disse, se quiserem eu passo ali agora!

O André ia no maior papo com ele lá frente, e aí começou a rir sem parar, os australianos sem entender me
pediram para traduzir. Expliquei que o motorista se dizia conhecido como "El Violador" pois, segundo ele dizia, tinha um pênis de 25 cm e era o terror das peruanas e principalmente das turistas. Todo mundo começou a rir das mentiras dele, que alás tinha imaginação! Ele foi até Cuzco inventando estórias.  Depois de algum tempo os australianos iam cochilando, eu observando os glaciares no alto das montanhas e o taxista tentando convencer o André que era tudo verdade.

Já mais próximo à Cuzco, o movimento na estrada aumentou e o nosso motorista irritado com um outro carro mais lento a sua frente, pegou uma chave de fendas no porta-luvas e depois, com ela em punho e com a mão para fora, gritava com os demais. Parece piada, mas os carros mais velhos saiam da frente intimidados.

Após quase duas horas, chegamos à Cuzco, os dois australianos já estavam bem familiarizados com a "night" de Cuzco e foram nos sugerindo os "points", então fizemos de conta que iriamos "detonar na night". Uma coisa interessante na cultura local é que os taxistas não dão bola para o trânsito, fazem questão de te deixar no lugar combinado, nem que tenham que ficar parados no maior trânsito, como o custo da corrida é fixo, no meu entender eles ficam no prejuízo, por isto tivemos que insistir com "El Violador" que iríamos descer no mesmo lugar dos australianos.
 
Seguramente chegamos mais rápido indo a pé até a pousada do que com ele no táxi em meio à aquela confusão.

Final da tarde, gente e carros para todos os lados, pudemos observar uma tradição local que é o uso da cor
amarela, nas lojas roupas e colares de flores plásticas, tudo decorado de amarelo, nas ruas crianças com balões amarelos. Muita gente vendendo de tudo amarelo, eles devem associar amarelo aos tesouros Incas, imaginei.

Depois de refeitos por um banho, saímos já de noite para procuramos um "locutório" e ligarmos para nossas
famílias. Aliviados por termos dado e recebido noticias, decidimos procurar algo para comer, eu disse para o André que queria algo leve, daí fomos andando sem achar algo interessante, sugerí procuramos por empanadas, ainda lembrando daquelas de Pisac. Entramos em uma pequena lanchonete onde uma menina de mini-saia nos atendeu, estranhei pois foi a única mulher vestida assim que ví em todo o Peru. Ela muito atenciosa, aqueceu duas empanadas em um micro-ondas, resultado, a pior empanada que já comemos.
Saímos dali frustrados e acabamos indo parar no restaurante da praça San Antonio, aquele que já
frequentávamos, e que estava lotado como sempre. Conseguimos uma mesa lá no fundo e decidimos por uma truta. Obviamente sabíamos que não seria igual a truta de Loripongo, aquela ficou para a história.

Terminamos de jantar e quando estávamos pagando a conta o meu celular tocou, atendi e era o Kadú!
Ele já estava com o "coração enorme!"  Nos desejamos feliz ano novo, ficamos muito felizes por ele ter ligado, puxa vida, lembrou de nós naquele mundão.
De volta à pousada eu disse para o André que não conseguiria cochilar, se dormisse só acordaria no ano seguinte. Eu estava dividido entre a vontade de ir à Plaza de Armas na virada e o cansaço que sentia, no final este venceu e eu acabei dormindo.

Não sei que horas eram,  mas o André me acordou (ou quase), pois eu me lembro de dizer que não iria a lugar algum. No dia seguinte, ele me disse que eu acordei bravo e disse "eu não vou coisa nenhuma, não tenho nada para ver lá, vou dormir" e virei para o lado e dormi.
O André foi, segundo ele chovia, a praça estava cheia, incluindo umas figuras e claro, muitos brasileiros que, como sempre fazendo bagunça. Ele se assustou quando começou a correria, achou que era alguma briga o tumulto, esqueci de avisá-lo da tradição local de dar 12 voltas na praça na hora da virada!   Era o que eu queria ver.

Apesar da aparente confusão e das bebedeiras, ele me disse que ficou admirado por não ter ocorrido nenhuma briga.

Assim foi o último dia de 2010!

Não rodamos de moto neste dia -  Águas Calientes -> Ollantaytambo (de trem).
Ollantaytambo - Cuzco de táxi.